Horas depois de receber a notícia de que a Portaria dos ministérios da Pesca e Agricultura (MPA) e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) de número 25 foi publicada pelo Governo Federal, o pescador Edmílson Capaverde começou a preparar seu material de pesca. Após semanas de espera, ele pôde voltar a instalar suas redes, também chamadas de aviãozinho, na área preestabelecida da lagoa do rio Tramandaí, nos fundos de sua casa, no bairro Tirolesa, em Tramandaí, para retomar um dos principais sustentos de sua família: a pesca do camarão.

A retirada das redes com o produto é feita no dia seguinte. O pescador conta que estava ansioso para retomar a pesca ainda no Verão, período em que as praias estão lotadas de turistas para adquirirem o produto. A esperança dele é que o animal a ser pescado seja do tipo grande, o que resultará em maiores lucros com a venda do produto final, já descascado.

“A esperança de todos os pescadores está no camarão. Sem ele, não somos nada. Grande parte da nossa renda vem do camarão. Só que a pesca já deveria ter começado no mês passado. Nós já estamos tendo prejuízo. Então, se conseguirmos uma média de 7 quilos descascados por dia já é uma bênção, pois colocamos no congelador e temos o que vender nos próximos meses”, comentou Capaverde.

Em Imbé, o pescador Germano Neubarth, que pesca com auxílio de tarrafas, aponta que expectativa é maior para as próximas semanas, com a mudança do ciclo da Lua. Entretanto, ele lamenta que a atividade só voltou a ser permitida no final do Verão. Segundo Neubarth, com o fim da estação, e o fim do grande movimento de turistas no Litoral Norte, o produto tende a se desvalorizar.

“Todos já sabiam que tinha muito camarão na lagoa. Eles já cresceram e agora a tendência é que cresça ainda mais. Estávamos lutando por isso. Com a troca da Lua, o camarão também troca de casca. Então, a partir da próxima semana, teremos uma leva de melhor qualidade e de melhor preço para nós pescadores. Estávamos na expectativa por esse retorno porque, se demorasse mais algumas semanas, eles podiam ir embora da lagoa. Só que tem muita gente que depende disso. Faz tempo que já deveríamos estar pescado, e por isso da nossa briga”, completou.

Luta para retomada da pesca

A portaria interministerial foi publicada na terça-feira, 04 de fevereiro, após pressão dos pescadores e políticos locais para que a pesca do camarão fosse retomada. O documento, assinado pelos ministros do MPA, André de Paula, e do MMA, Marina Silva, estabelece que a temporada de pesca na bacia hidrográfica do rio Tramandaí segue até o dia 21 de junho de 2025. Em janeiro, o MMA rejeitou um pedido de liberação da atividade, justificando o camarão inapto para a pesca.

Isso fez com que a comunidade local realizasse protestos, pedindo pela retomada da atividade. A pescadora Venina Morais comenta que, como a portaria foi publicada no final da tarde de terça-feira, os pescadores não tiveram tempo hábil de preparar suas redes para a pesca. Com isso, a atividade foi retomada, de fato, ao longo desta quarta-feira.

Nas primeiras horas da quinta-feira, 06 de fevereiro, as primeiras redes recolhidas pelos profissionais trarão de volta a esperança para um dos principais setores da economia da região. Ela conta ainda que a comunidade espera há dois anos pela safra, principalmente em função das enchentes.

“Todo ano nós temos essa burocracia com os pescadores do Litoral Norte. Desta vez, como não avançava a liberação, decidimos por fazer um protesto. Foi muito triste ver o camarão passando na porta da tua casa e não poder pescar ele. É muito sufocante isso. Quase fizemos uma vaquinha para que alguém fosse até Brasília com uma caneta fazer os ministros assinarem”, finalizou Venina.

Fonte: correiodopovo.com.br/Foto: Envato



Postado em 07-02-2025 à05 14:05:05