Pescado brasileiro: panorama atual e perspectivas futuras

O setor de pescado brasileiro vivenciou um período de crescimento em 2023, impulsionado por uma demanda crescente, tanto interna quanto externa, bem como pela entrada de novos players no mercado. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o aumento na comercialização e produção foi notável, com destaque para a tilápia. Além disso, empresas do setor reportaram um incremento no faturamento, projetando uma expansão para 2024.

Contudo, a conjuntura econômica atual impôs desafios consideráveis à produção, importação e processamento de pescado no Brasil. A inflação e a instabilidade econômica global afetaram especialmente os pequenos produtores e pescadores, enquanto a indústria enfrentou altos custos de energia e logística. Apesar de algumas empresas estarem investindo em tecnologia e inovação, a falta de capital disponível limita essas iniciativas. A volatilidade cambial também se mostrou um fator crítico, influenciando diretamente os custos de importação de insumos e pescado, dificultando o repasse de vantagens ao consumidor final.

A flutuação do dólar continua a ser um desafio para o setor, impactando tanto as importações quanto a competitividade do pescado brasileiro no mercado internacional. Para mitigar esses impactos, empresas adotaram estratégias de diversificação de fornecedores e precificação dinâmica, embora tais medidas tragam insegurança ao mercado. No entanto, é evidente que a instabilidade cambial desorganiza o planejamento e orçamento das empresas, tornando difícil a manutenção de preços estáveis e competitivos.

No âmbito local, a proposta de reforma tributária trouxe um misto de expectativas e preocupações. Por um lado, a simplificação e homogeneização dos tributos nos diferentes Estados são vistas como passos positivos, que podem aumentar a formalidade no setor e beneficiar empresas estabelecidas. Por outro, há incertezas quanto à carga tributária específica sobre a produção, comercialização e consumo de pescado. Neste ponto, entendemos que o melhor para o Brasil e para o brasileiro seria a desoneração total do pescado, sem discriminação.

O setor ainda enfrenta atrasos em relação às práticas internacionais, especialmente em áreas como sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade, o que acreditamos ser oportunidades de alavancagem e crescimento para o empresariado que se dispor a investir nessas áreas.

O Brasil, com sua vasta extensão territorial e abundância de recursos naturais, tem um potencial enorme para a aquicultura e pesca. Logo, o desafio será realizar essa expansão de maneira sustentável, evitando impactos ambientais negativos e garantindo a viabilidade econômica a longo prazo. (Por Júlio César Antônio (foto), presidente da Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (ABRAPES))

Fonte: seafoodbrasil.com.br



Postado em 20-12-2024 à06 15:08:06

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