Nos últimos anos, o aumento do consumo de pescado no mundo e no Brasil mostrou-se significativo. Esse crescimento deve-se, em parte, ao incremento da produção de pescado, bem como a uma maior conscientização sobre os benefícios para a saúde associados ao consumo de peixes e frutos do mar. No entanto, essa expansão produtiva e a comercialização estão diretamente ligadas ao volume de resíduos gerados.
Segundo a FAO (2019), a indústria pesqueira mundial produz cerca de 38 milhões de toneladas de resíduos por ano, sendo a maior parte composta por vísceras, cabeças, escamas, peles e outras partes não comestíveis dos peixes, além de resíduos de crustáceos, moluscos, répteis, anfíbios e equinodermos, em menor proporção. E aqui, em resumo, uma alternativa que vem se mostrando viável é a gestão adequada desses resíduos, com foco na reciclagem e reutilização.
A produção de farinha e óleo de peixe ganha destaque por sua inclusão em dietas para nutrição animal. Contudo, com o desenvolvimento de pacotes tecnológicos, esses resíduos têm sido utilizados na indústria de cosméticos, produtos farmacêuticos, adubos orgânicos, fertilizantes e até na alimentação humana. Sendo assim, a transformação dos resíduos representa uma fonte de renda adicional para as empresas do setor industrial, além de agregar sustentabilidade ao processo.
Alguns estudos têm demonstrado bons resultados com a inclusão de farinha de resíduos de camarão (de alto teor proteico e gorduroso, rica em minerais como cálcio, fósforo e potássio) na fabricação de macarrão. Em síntese, essa prática enriquece o produto com proteínas, fibras e minerais, além de reduzir o teor de carboidratos. As análises sensoriais comprovaram a aceitabilidade do macarrão enriquecido, com destaque para sua textura e sabor.
Outra oportunidade que tem ganhado evidência em feiras do setor pesqueiro é a utilização de couro de peixe na produção de bolsas, calçados e artigos de decoração. Esses produtos, em resumo, são comercializados em lojas renomadas que valorizam questões sustentáveis e sociais, destacando-se pela exclusividade, requinte e sofisticação. Não podemos deixar de mencionar as biojoias feitas com escamas por comunidades ribeirinhas, que impulsionam a economia regional.
O aproveitamento integral do pescado tem o potencial de gerar renda e agregar valor aos participantes da cadeia produtiva. Isso sempre foi um grande desafio, porém, é com entusiasmo que vemos o setor navegar por águas que antes não eram exploradas!
Fonte: seafoodbrasil.com.br
Postado em 20-12-2024 à23 14:58:23