Os auditores fiscais da Receita Federal iniciaram na terça-feira, 26 de novembro, uma greve por tempo indeterminado, em protesto contra a falta de negociação sobre reajustes salariais e melhores condições de trabalho. A paralisação, aprovada em assembleia no dia 21 de novembro, foi respaldada por mais de 90% dos 4.667 filiados que participaram da votação, e já causa preocupação nos setores que dependem do comércio exterior e da logística nacional.
A greve terá um impacto no funcionamento da Receita Federal, com ações que incluem operação-padrão nos postos aduaneiros, paralisação integral de setores internos e a entrega de cargos em comissão. Esses atos poderão resultar em atrasos na liberação de mercadorias nas fronteiras e portos, ampliando os custos logísticos e complicando o fluxo de importações e exportações.
“O custo adicional com logística, somado às dificuldades geradas por uma operação-padrão, cria um cenário que afeta diretamente a competitividade do comércio exterior brasileiro e, por extensão, o consumidor final”, avalia o advogado Luciano Bushatsky Andrade de Alencar, especialista em Direito Aduaneiro.
A greve é vista como uma resposta à falta de diálogo com o Governo Federal sobre o reajuste salarial da categoria, que não teve avanços, mesmo após diversas tentativas de negociação. Os auditores fiscais, responsáveis pela arrecadação de tributos que sustentam políticas públicas e pelo combate a crimes como contrabando e evasão fiscal, ressaltam a importância estratégica de seu trabalho e afirmam que a paralisação foi adotada como último recurso.
O Sindifisco Nacional, sindicato que representa a categoria, destaca que a greve busca chamar atenção para a relevância do cargo de auditor fiscal e a necessidade urgente de valorização profissional.
Por outro lado, o Governo Federal, em resposta à paralisação, tem reafirmado sua posição de não abrir negociações salariais, citando as limitações orçamentárias e as prioridades financeiras para 2024. Essa postura tem gerado forte insatisfação entre os auditores, que veem sua função como vital para a estabilidade fiscal do país.
A greve ocorre em um momento delicado para a economia brasileira, que já enfrenta desafios como a alta dos custos logísticos, flutuações cambiais e o aumento da inflação. Para especialistas, o prolongamento da greve pode agravar ainda mais a situação, afetando a competitividade das empresas brasileiras no cenário internacional e, consequentemente, impactando o consumidor final com aumentos de preços e prazos de entrega mais longos.
Fonte: folhape.com.br/ Foto: Ivan Bueno
Postado em 29-11-2024 à43 10:16:43