Falta de ordenamento e gestão da pesca de camarão rosa na costa Norte brasileira

A pesca do camarão rosa na costa Norte do Brasil enfrenta desafios significativos devido à falta de ordenamento adequado e políticas de gestão eficientes. Essa atividade, essencial para a economia local, está imersa em complicações que vão além das questões ambientais, afetando diretamente a cadeia produtiva e a comercialização. Recentemente, a apreensão de uma embarcação pescando de forma irregular em águas francesas revelou as fragilidades na delimitação das áreas de pesca e no cumprimento das regras internacionais.

Um dos fatores que agravam a situação é a escolha incorreta da data de pesca, refletindo a falta de eficiência no ordenamento. Além disso, o modelo de negócio da única empresa que monopoliza a compra de camarão na região impõe condições desvantajosas aos armadores. Essa empresa ainda iguala o camarão cultivado, que tem um custo de produção significativamente menor, ao camarão rosa de captura (Farfantepenaeus subtilis), que é reconhecido por sua superioridade em sabor e qualidade.

Nas décadas de 1980 e 1990, o camarão rosa e a piramutaba eram os principais produtos de exportação para os Estados Unidos, Japão e Europa, com dezenas de indústrias estabelecidas na região. Entretanto, com a falta de gestão e fiscalização eficientes, essas indústrias abandonaram a região, deixando o atual monopólio, que tem o direito de estabelecer suas condições de negociação, mas cuja sustentabilidade futura é incerta.

Diante desse contexto, a necessidade de um ordenamento eficaz da pesca é urgente. Os armadores enfrentam um mercado distorcido e injusto, levando muitos a amarrar suas embarcações e interromper suas atividades. Outros tantos, ao serem obrigados a competir com um produto de custo inferior, se veem forçados a recorrer a frigoríficos clandestinos, que surgem para atender à necessidade de liquidez imediata. Essa situação enfraquece a estrutura formal de comercialização e fortalece um mercado paralelo, sem controle adequado, prejudicando toda a cadeia produtiva.

Nesse sentido, o setor solicita que a pesca seja permitida de janeiro a setembro, uma medida que visa dificultar a pesca ilegal, especialmente nas águas próximas à costa das Guianas. No entanto, sem uma revisão nas práticas comerciais e no combate ao monopólio que controla a compra do pescado, a situação se perpetua. Os armadores continuam reféns de regras desvantajosas, enquanto o mercado clandestino se expande, comprometendo a sustentabilidade do setor.

O Brasil precisa investir em uma gestão mais eficaz da pesca do camarão rosa, promovendo um ordenamento que equilibre a preservação ambiental com a viabilidade econômica dos armadores. É fundamental que a fiscalização seja aprimorada e que alternativas ao monopólio sejam criadas, proporcionando um ambiente de negócios mais justo e transparente, que estimule o mercado legal e valorize o camarão rosa de captura, reconhecendo suas qualidades excepcionais e a importância dessa atividade para a economia local.

Fonte: avozdonavegante.com.br



Postado em 18-10-2024 à22 13:14:22

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