Em 2023, cerca de 733 milhões de pessoas passaram fome e aproximadamente 28,9% da população mundial (2,33 bilhões de pessoas) vivenciou insegurança alimentar moderada ou grave. Os dados são do relatório "O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI)", publicado na quarta-feira, 24 de julho, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e seus parceiros da Organização das Nações Unidas (ONU - FIDA, WFP, OMS e UNICEF).
Conforme o estudo, a porcentagem da população que passa fome está aumentando na África (20,4%) e permaneceu estável na Ásia (8,1%). De 2022 a 2023, a fome aumentou na Ásia Ocidental, no Caribe e na maioria das sub-regiões africanas. E, apesar dos progressos registrados na América (6,2%), para a FAO, reduzir a desigualdade de gênero, apoiando as atividades econômicas das mulheres e distribuindo recursos de forma equitativa, é fundamental para diminuir a desigualdade de renda e ampliar o acesso a uma alimentação adequada.
O relatório traz um exemplo onde práticas sustentáveis na pesca e aquicultura foram implementadas em uma comunidade costeira na Indonésia em 2017, com instalações de processamento e conexões com mercados estabelecidos. As mulheres, responsáveis pelo processamento e comercialização dos peixes, observaram um aumento de 78% na produtividade dos peixes e uma redução de 5% em perdas pós-captura/abate. Dados sobre a igualdade de gênero já haviam sido publicados no mesmo relatório em 2020.
A publicação de 2024 destaca que o acesso das mulheres aos serviços financeiros cria meios de subsistência para suas famílias e comunidades, incluindo a segurança alimentar e nutricional. A inclusão da mulher tem um impacto positivo no crescimento econômico, o que pode ampliar a resiliência do país a recessões econômicas.
Investimentos para combater a fome global
O relatório, lançado este ano no contexto da reunião ministerial no Brasil da Força-Tarefa do G20 para uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, traz um alerta sobre as Metas 2.1 e 2.2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que visam acabar com a fome. O estudo afirma que há uma "sombra sobre a possibilidade de alcançar a Fome Zero no mundo, faltando seis anos para o prazo de 2030". Estima-se que 582 milhões de pessoas enfrentarão estados crônicos de subnutrição ao final da década, com mais da metade localizadas na África.
"Transformar os sistemas agroalimentares é mais crítico do que nunca, já que enfrentamos a urgência de alcançar os ODS em um prazo de seis anos. A FAO mantém o compromisso de apoiar os países em seus esforços para erradicar a fome e garantir a segurança alimentar para todos. Trabalharemos juntos com todos os parceiros e com todas as abordagens, incluindo a Aliança Global do G20 contra a Fome e a Pobreza, para acelerar a mudança necessária. Juntos, devemos inovar e colaborar para construir sistemas agroalimentares mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis que possam resistir melhor aos desafios futuros para um mundo melhor”, disse o diretor-geral da FAO, QU Dongyu.
Para atingir as ODS, são necessários recursos financeiros públicos e privados, nacionais e estrangeiros, em volume significativamente maior. Além disso, é crucial realizar o monitoramento e garantir a eficácia na análise dos seus impactos. O relatório menciona uma lacuna de financiamento que pode chegar a vários trilhões de dólares, com impactos sociais, econômicos e ambientais significativos.
As cadeias agroalimentares (produtores, varejistas e comerciantes) são incentivadas a ofertar produtos com maior qualidade nutricional. Ações para ampliar os sistemas agroalimentares e promover a produção e o consumo diversificado de alimentos, principalmente entre as famílias localizadas em áreas de menor acesso a mercados, são outro importante fator para atingir as Metas 2.1 e 2.2 de combate à fome.
Fonte: seafoodbrasil.com.br/ Foto: Shutterstock
Postado em 02-08-2024 à30 12:20:30