Redes de pesca, roupas e pneus: expedição quer identificar os microplásticos presentes nos oceanos

Uma expedição para recolher amostras de microplásticos presentes em alimentos marinhos encerrou no domingo, 14 de julho, no Pará. A viagem, que durou 70 dias, é capitaneada pela Voz dos Oceanos, organização de defesa ambiental liderada pela Família Schurmann, de velejadores e ambientalistas. A ideia do projeto é conscientizar a população sobre os riscos atrelados à presença de polímeros nos oceanos.

Segundo a organização, ao consumir ostras, vieiras e mexilhões, entre outros organismos marinhos chamados de bivalves, por exemplo, a pessoa acaba engolindo junto os microplásticos, partículas microscópicas de polímeros do tamanho de uma célula. Isso ocorre porque esses organismos são "filtradores" desses poluentes, e os transferem aos humanos pela ingestão.

A iniciativa é guiada por uma pesquisa científica em parceria com a Universidade de São Paulo (USP). Os bivalves coletados serão enviados para análise nos laboratórios da USP em um estudo inédito, coordenado pelo Prof. Dr. Alexander Turra.

Turra explica que o equipamento utilizado no estudo é o mais avançado do mundo. A tecnologia não apenas recolhe o microplástico, como permite a sua catalogação, baseada em sua forma e cor, por exemplo, para identificar o tipo de polímero. Entre os materiais mais encontrados estão as redes de pesca - fáceis de identificar - e partículas menos óbvias, como pedaços de pneus, além de poliéster, material usado em roupas, e PVC.

Pesquisa e documentação

Além da coleta de material, a expedição registrou projetos socioambientais, cultura regional, atrações turísticas e gastronomia sustentáveis. O objetivo, conforme David Schurmann, cineasta e um dos líderes da Voz dos Oceanos, é dar visibilidade a essas tradições e a projetos locais de sustentabilidade. A iniciativa conta com o patrocínio de Localiza&co, apoio institucional da Marca Brasil e da Embratur, apoio nacional da Mitsubishi do Brasil e da Yacht Master, e apoios locais, incluindo da Marina Itajaí, partida da expedição.

O próximo passo, segundo Turra, é finalizar a catalogação dos dados e apresentar um estudo sobre os materiais mais encontrados. Isso vai permitir que sejam tomadas medidas específicas para conter a poluição, a partir da identificação precisa das fontes de descarte de lixo nos oceanos.

Fonte: exame.com/Foto: Pixabay



Postado em 19-07-2024 à22 05:57:22

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