A jornada do varejo do pescado no Brasil é repleta de desafios. Os obstáculos passam desde a questão das inconsistências na regulamentação e fiscalização, perecibilidade e altos custos de produção e logística, até que o produto chegue de forma adequada aos consumidores. Apesar de todos esses entraves, o setor vislumbra boas oportunidades pela crescente procura por alimentos saudáveis e potencial para inovação e tecnologia na aquicultura.
A executiva Meg Felippe, uma referência para o setor, sabe o quanto é desafiador comercializar o pescado no Varejo. Ela participou da reunião da Cadeia Produtiva da Pesca e da Aquicultura do Departamento do Agronegócio (Deagro), no dia 21 de junho, na Fiesp, abordou gargalos e apontou caminhos para fomentar o consumo da proteína. A equipe da Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (ABRAPES) participou da reunião e também foi desafiada a refletir sobre potenciais, acertos e onde a cadeia de Pescados pode crescer como segmento.
Para Meg, o setor ainda carece de dados consistentes, precisa desenvolver a gestão eficaz e sustentável de todas as pescarias, olhar na mesma direção para fortalecer demandas e avançar em parcerias público-privadas. “A Semana do Pescado é um exemplo de parcerias que deram certo. Uma ação já consolidada e que traz ganhos importantes para toda a cadeia produtiva”, destaca.
Em termos de oportunidades, a especialista vê o varejo de autosserviço como a maior vitrine para o consumidor. “Pela quantidade de pessoas que passam em feiras e supermercados. Mesmo que ele não consuma, vê, observa o produto. E quando a gente olha para o food service, vê a maior janela de experimentação, com potencial para definir tendências. Um ponto ainda pouco explorado pelo setor. O pirarucu, por exemplo, foi por essa linha, mas ainda não abarcou. Outras proteínas, como o suíno, tem construído isso de uma forma muito estratégica”, pontua.
Novos caminhos
Com base em sua experiência em Varejo, e levando em conta a opinião de agentes da cadeia de produção, a executiva também apontou caminhos possíveis para impulsionar o consumo de pescado. Entre eles, estão a promoção de campanhas de conscientização sobre os benefícios do consumo de pescados para a saúde; aumentar oferta da proteína; informar sobre espécies de pescados menos tradicionais; estimular a industrialização, incentivando a produção de produtos como enlatados, congelados e defumados, ampliando as opções de consumo e agregando valor à cadeia produtiva; criar mais políticas de incentivo à produção e consumo de pescados e promover práticas de pesca responsável que garantam a conservação dos recursos pescados.
Pontos a melhorar
Ela também trouxe à tona problemas na comercialização, muitas vezes negligenciados pelo Varejo e que atrapalham no resultado final dos negócios. “A gente ainda vê descuido no processo de manipulação, falha na precificação, excesso de glazeamento, ilegalidade da origem e descuido no preparo. O cliente quer sabor, qualidade”, frisou.
Antes de encerrar fala, Meg deixou algumas reflexões para os participantes: O comércio internacional (importação e exportação) regula, compete, incentiva ou atrapalha a comercialização de pescados no Brasil? O atual cenário econômico com busca de alternativas mais baratas afasta peixe? Como competir num cenário com sonegação e privilégios tributários?
Produção
Hoje o Brasil tem uma produção pesqueira e aquícola estimada em 1,5 milhão de tonelada. Ainda insuficiente, mas em crescimento. Em suma, o país tem uma das maiores costas do mundo, pescados de boa qualidade e um mercado imenso a explorar.
Pela ABRAPES, participaram da reunião, a diretora-executiva, Thamires Quinhões; o consultor jurídico, David Veiga; a consultora técnica, Rosa Malavacci, e Victor Arruda, do departamento Financeiro.
Fonte: Consultoria de Comunicação da ABRAPES
Postado em 28-06-2024 à31 13:13:31