Pesquisadores da Universidade de Cambridge afirmam que as pessoas deveriam trocar o salmão em sua dieta por peixes considerados mais selvagens como a cavala, a sardinha e a anchova, a fim de evitar deficiências nutricionais. Segundo os cientistas, estes tipos de peixe podem fornecer cinco vezes mais nutrientes do que a mesma porção de salmão.
Na indústria de criação de salmão, os peixes selvagens são normalmente moídos e transformados em ração para o salmão em cativeiro comer. No entanto, este método de cultivo pode ser uma forma extremamente ineficiente de utilização de nutrientes.
Os pesquisadores descobriram que seis dos nove nutrientes mais importantes eram mais baixos nos filés de salmão de viveiro do que nos peixes usados para alimentá-los.
Os peixes selvagens capturados continham mais de cinco vezes mais cálcio, quatro vezes mais iodo e uma vez e meia mais ferro, ômega-3, vitamina B12 e vitamina A.
“O que estamos vendo é que a maioria das espécies de peixes selvagens usados como ração têm uma densidade e variedade de micronutrientes semelhantes ou maiores do que os filés de salmão de viveiro”, afirma o autor principal do estudo, David Willer.
No entanto, apesar destes peixes serem repletos de nutrientes, continuam a ser bastante impopulares. Estima-se que apenas 5,4% dos britânicos comam cavala, 1% anchovas e apenas 0,4% arenque.
Mas fazer a mudança pode trazer algumas melhorias significativas à sua saúde e até ajudá-lo a comer menos.
“Fazer algumas pequenas mudanças na nossa dieta em torno do tipo de peixe que comemos pode ajudar muito a mudar algumas destas deficiências e a aumentar a saúde da nossa população e do planeta”, afirma Willer.
Os pesquisadores dizem que não acham que as pessoas devam desistir totalmente do salmão, mas que deveriam tentar comer mais peixes selvagens, sugerindo que o sistema mais eficiente seria as pessoas consumirem cerca de um terço de todos os peixes que são atualmente utilizados como alimento para o salmão.
O que há de tão bom no salmão?
Especialistas destacam os ácidos graxos ômega-3 – especificamente ácido docosahexaenoico (DHA) e ácido eicosapentaenoico (EPA) — como um dos atributos nutricionais distintivos do salmão. Ele contém mais ômega-3 DHA e EPA do que quase qualquer outro alimento, exceto outros peixes gordurosos, como arenque e sardinha.
Estudos têm associado consistentemente o consumo de ácidos graxos ômega-3 de frutos do mar a taxas mais baixas de derrame e doenças cardíacas. A investigação sugere que estes tipos de gordura reduzem a rigidez arterial, que está associada à pressão arterial elevada, e também podem ter efeitos anti-inflamatórios que podem proteger contra a obesidade e a diabetes tipo 2.
Além disso, os ômega-3 são essenciais para o desenvolvimento do cérebro na primeira infância, e as evidências emergentes sugerem que o seu consumo regular pode proteger contra o declínio cognitivo relacionado com a idade e doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer.
A Associação Americana do Coração (American Heart Association - AHA) recomenda comer uma porção de 90 gramas de peixe (principalmente peixes gordurosos, como o salmão) pelo menos duas vezes por semana.
Além disso, os especialistas afirmam que o salmão contém outros nutrientes, como proteínas, selênio e iodeto, que podem apoiar ou aumentar os efeitos saudáveis destas gorduras.
Um tipo é mais saudável que outro?
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Dalhousie, no Canadá, examinou os valores nutricionais dos tipos de salmão disponíveis aos consumidores e afirmaram que não há muita diferença entre animais selvagens e criados em viveiros.
Embora o sockeye selvagem e o chinook selvagem — duas das espécies mais vendidas — fossem os mais “densos em nutrientes”, o estudo também descobriu que o salmão do Atlântico de viveiro tinha apenas níveis ligeiramente mais baixos de ômega-3, proteínas e outros nutrientes saudáveis. O salmão rosa selvagem do Pacífico tende a ter menos desses nutrientes do que os outros tipos, independentemente de serem cultivados ou selvagens.
"Dependendo de fatores como o tipo de alimentação dada ao salmão de viveiro ou a época do ano em que o salmão selvagem é capturado, os níveis de gorduras saudáveis ou outros nutrientes podem diferir de peixe para peixe", explicou Stefanie Colombo, professora associada e chefe da pesquisa.
E quanto ao mercúrio e outros contaminantes? Colombo aponta que seu estudo encontrou algumas diferenças entre os tipos: o salmão do Atlântico cultivado, por exemplo, tende a ter níveis mais baixos de mercúrio do que as variedades capturadas na natureza. No entanto, todas as amostras continham níveis de mercúrio muito abaixo dos padrões internacionais de segurança.
— Mesmo que você coma salmão todos os dias, o mercúrio não é algo com que você deva se preocupar — garante ela.
Fonte: oglobo.globo.com
Postado em 22-03-2024 à13 08:22:13