Começou no sábado, 11 de novembro, no Cairo, Egito, e se desdobrará pelas próximas duas semanas, a rodada final de discussões do ordenamento pesqueiro dos atuns no oceano Atlântico. A comitiva brasileira é liderada pela secretária nacional de Registro, Monitoramento e Pesquisa do Ministério da Pesca e Aquicultura, Flávia Lucena Frédou. O Brasil luta para manter sua autorização de pesca nas atuais 6.043 toneladas de albacora bandolim, que é a espécie de atum mais abundante na nossa costa.
A reunião do Cairo é a terceira deste ano da Comissão Internacional de Conservação dos Atuns do Atlântico (ICCAT) — a primeira aconteceu em março, em Lisboa, a segunda foi em Madri, em junho. Agora é a hora de os 53 países membros da comissão baterem o martelo sobre a pescaria de atuns.
O Brasil defende uma proposta formulada conjuntamente com Japão, África do Sul e Uruguai. Nela, a cota global de captura ficaria em 73 mil toneladas. Antes de partir, Flávia Lucena Frédou explicou que essa proposta busca um maior equilíbrio entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, abrindo maiores possibilidades para os países da América Latina e da África.
Além da secretária, a comitiva do MPA conta com o diretor do Departamento de Pesca Industrial, Amadora e Esportiva, Édipo Cruz, com a diretora do Departamento de Registro e Monitoramento, Elielma Borcem, com o chefe da Assessoria Internacional, Ricardo Bacelette, com o assessor internacional, André Bispo, e com o coordenador geral de estatística, Alex Lira.
A pesca de atum no Brasil envolve tanto pescadores artesanais quanto industriais. É uma das principais pautas de exportação do pescado nacional. Os principais estados exportadores são o Rio Grande do Norte e o Ceará. Os métodos utilizados nessa pescaria são variados. No litoral Sul, é mais comum a pesca do peixe um a um, com vara e isca viva. No Nordeste, a técnica mais difundida é o espinhel de superfície. Vem ganhando terreno a pesca de sombra, também conhecida como “cardume associado”, que foi regulamentada no ano passado.
O espinhel consiste em uma longa linha principal, muitas vezes estendida por vários quilômetros, com anzóis ou iscas espaçados ao longo dela. Esta linha principal é sustentada por uma série de boias flutuantes, mantendo-a na superfície da água. Além disso, pode haver flutuadores luminosos para atrair os peixes.
Já a técnica de cardume associado é feita com a utilização de boias fundeadas, chamadas de dispositivos agregadores de peixes (DAPs). Um barco fica à deriva e, não se sabe exatamente porque, os cardumes de atuns se agregam a ele, sendo capturados pelos DAPs.
Neste ano, a frota nacional de atuns capturou 4.910 toneladas até o último dia 3, segundo mostra o painel de monitoramento do MPA.
A Comissão Internacional de Conservação dos Atuns do Atlântico (ICCAT, na sigla em inglês) é uma organização intergovernamental que se dedica à conservação e gestão dos recursos marinhos e das pescarias relacionadas aos atuns e outras espécies altamente migratórias no Oceano Atlântico e mares adjacentes.
Fundada em 1969, é composta por 53 países-membros, incluindo a União Europeia. É responsável pela implementação de medidas de gestão e conservação dos estoques de atuns e outras espécies marinhas, como espécies de tubarões, peixes-espada e marlins.
A criação do ICCAT se origina na alta demanda por carne de atum na primeira metade do século passado. Saborosa e riquíssima em ômega-3, é uma iguaria apreciada no mundo inteiro. Por isso, a espécie foi tão pescada que entrou em risco. Os 53 países-membros do ICCAT se uniram para fazer o ordenamento pesqueiro, de forma a impedir o esgotamento do estoque pesqueiro dos atuns.
Fonte: agenciagov.ebc.com.br/
Postado em 16-11-2023 à03 22:11:03